25.7.13

quibe de abóbora


Há uns anos atrás, tive um caso de amor com abóboras. Na verdade, era mais paixão que amor. Comia quase todos os dias e de todos os jeitos. Sentia como se tivesse encontrado o vegetal da minha vida - até que enjoei. 

Nunca tinha provado a versão quibe. Fiz pela primeira vez há umas duas semanas e, desde então, repeti três vezes! Acho que reacendeu a chama da paixão. :)



Quibe assado de abóbora

1 xícara de purê de abóbora
1/2 xícara de triguilho 
1 cebola picada
2 colheres de sopa de salsinha picada
2 colheres de sopa de hortelã picada
2 colheres de sopa de azeite
2 colheres de sopa de gergelim (gosto de esquentar na frigideira até torrar um pouquinho)
pimenta do reino
canela
sal

Recheio
1/2 xícara de coalhada seca (ou iogurte natural integral)
1 colher de sopa de tahine
2 colheres de sopa de cebolnha picada
sal

Ferva água e despeje sobre o triguilho. Deixe de molho por uns 10 minutos. Outra opção é deixar de molho durante a noite, mas ainda não tentei desse jeito.

Cozinhe a abóbora até ficar macia e amasse formando um purê (não cozinhe demais senão fica aguado). Já fiz esse quibe com a abóbora japonesa, de pescoço e paulista. Minha preferida foi a japonesa.

Com uma peneira, ou com as mãos, retire o excesso de água do triguilho e misture com o purê e todos os outros ingredientes do quibe. Prove e veja se está bem temperado.

Numa outra vasilha, misture todos os ingredientes do recheio.

Unte uma assadeira com azeite e coloque metade do preparo do quibe, depois todo o recheio e por último a outra metade do quibe.

Regue com azeite e asse em forno médio até a superfície ficar firme.

22.7.13

o protesto do chuchu



Quando fomos a Bom Retiro, trouxemos alguns vegetais do quintal das avós do Dudu. Entre eles veio um chuchu que - por não ter o costume de comer - coloquei no fundo da bacia até decidir como iria prepará-lo.

Pois ele cansou de esperar.

Um dia desses, enquanto tomava café, reparei num cabinho verde ao lado da abóbora. Era o pobre chuchu tentando nos lembrar de que ainda estava ali.

Fiquei tão emocionada com tamanha vida que não tive coragem de comê-lo. O Dudu achou que seria uma boa ideia plantá-lo na horta aqui do condomínio. E realmente foi. No dia seguinte, haviam brotado mais dois cabinhos!

Se realmente vingar, acho que vou ter que ir atrás de umas receitas de chuchu... :)



19.7.13

bonequinha de crochê


Semana passada, uma amiga foi pra Inglaterra e levou um presente meu pra minha família. Pensei tanto neles enquanto fazia essa bonequinha, que senti como se carregasse um pedacinho de mim. Fiquei nervosa imaginando ela no avião - e imensamente feliz quando soube que havia chegado bem.

Só o fato de ela estar lá - num cantinho da sala, observando tudo -  me dá a reconfortante sensação de estar mais perto também. :)



16.7.13

sopa de beterraba


Quando pequena, reclamava que toda noite minha mãe fazia sopa pro jantar. E agora que estou longe dela, adivinha o que faço toda noite pro jantar? Sopa, claro!

Essa de beterraba com inhame é uma das minhas preferidas. Não sou muito fã de beterraba nem de inhame, mas garanto que juntos fazem um bom par. :)


Sopa de Beterraba com Inhame

2 medidas de beterraba
3 medidas de inhame
Cebola
Salsinha/Alecrim/Manjericão - frescos
sal a gosto
azeite pra refogar

Descasque o inhame e a beterraba e corte em pedaços médios.

Aqueça o azeite numa frigideira e refogue a cebola. Acrescente o inhame e a beterraba, mexa bem e cubra com água quente. Assim que ferver, abaixe o fogo.

Amarre com um barbante a salsinha, o alecrim e o manjericão (como na foto acima) e coloque na panela. Adicione sal a gosto e cozinhe até a beterraba e o inhame ficarem macios.

Bata no liquidificador até virar um creme e confira se está bem temperado.

Obs.: Como gosto de sopa mais consistente, costumo a bater primeiro os vegetais com um pouco da água do cozimento, e depois vou adicionando mais - se necessário.

Essa receita foi adaptada do livro "Comidinhas Vegetarianas".

14.7.13

recomeço










Uma vez me disseram que quando fazemos uma viagem longa, nosso espírito demora três dias pra chegar. No trajeto Inglaterra-Brasil, o meu demorou ainda mais. Durante uma semana, foi como se estivesse exausta da noite mal dormida no avião. Mas sabia que não era só isso. Sabia que o que estava sentindo era mais que falta de sono - era um vazio no coração.

Assim que cheguei, mudei com o Dudu pro apartamento de praia dos pais dele. Arrumamos a casa do nosso jeito e com as nossas coisas, exatamente como havíamos sonhado. O problema era que eu não me sentia ali. Ficar longe da minha família estava sendo mais difícil do que imaginei. Tentava não pensar no oceano entre nós, no tempo que demoraria pra vê-los outra vez e no quanto minha vida havia mudado. Ainda assim, a ideia de desfazer a mala me dava vontade de chorar.

Nos próximos dias, flutuei pelas horas e situações, respondendo apenas a demandas imediatas: o que comer, que horas acordar, o que vestir. Qualquer reflexão mais profunda me tirava o ar. Às vezes, quando estava especialmente distante, pedia desculpas ao Dudu - logo voltaria a ser eu mesma. Ele me olhava com carinho e dizia: "Eu sei, amor. Fica tranquila".

Até que numa noite, enquanto rolava na cama acordada, o Dudu me puxou pra perto e eu me deixei levar. Aninhada em seus braços, me entreguei a um sono profundo. No dia seguinte, tirei as roupas da mala e arrumei-as no armário. Agora aquela era a minha casa. E eu estava preparada pra isso.

10.7.13

quiche integral de brócolis, cenoura e shitake


Toda quarta de manhã, vou na feirinha orgânica da UFSC. Sempre fico maravilhada com a variedade de frutas, legumes e verduras que tem por lá e acabo enchendo a sacola com um pouco de cada - mesmo aqueles que mal sei o nome. Depois passo a semana adaptando receitas de livros e da internet pra usar tudo que tenho na geladeira.

Domingo foi dia de dar um fim no brócolis e na cenoura. Misturei com um restinho de shitake e fiz um quiche. Ficou tão leve e saboroso que quase não sobrou pro jantar. :)



Quiche Integral de Brócolis, Cenoura e Shitake
(serve 2-3 pessoas)

Massa:
2 xícaras de farinha de trigo integral
1/2 xícara de manteiga
3 colheres de sopa de água gelada
1/2 colher de sobremesa de sal

Creme:
1 xícara de creme de leite
2 ovos
50g de queijo ralado
1 colher de chá de sal
noz moscada
pimenta do reino

Recheio:
cenouras picadas
brócolis
shitake seco

Ferva água e despeje no shitake seco. Deixe hidratando. 

Misture bem a farinha integral, o sal, a manteiga e a água até a massa ficar bem ligada. Faça uma bola, enrole em filme plástico e coloque na geladeira por 30 minutos.

Enquanto isso, cozinhe o brócolis e a cenoura até ficarem macios.
Bata todos os ingredientes do creme no liquidificador.
Escorra o shitake.

Retire a massa da geladeira e abra numa forma circular de 20cm untada. Coloque o recheio em cima e depois o creme. Leve ao forno pré aquecido por 40 minutos - em temperatura média alta, ou até o recheio estar firme e dourado.

8.7.13

bom retiro













Fim de semana passado, fomos visitar as avós do Dudu em Bom Retiro, na serra catarinense. Saímos logo depois do almoço - quando o sol brilhava forte num céu sem nuvens. Com os olhos fechados pra me proteger da claridade, acabei dormindo embalada pelas curvas. Quando acordei, a cidade havia ficado pra trás e a estrada subia cada vez mais alto. O topo das montanhas estava coberto por uma densa neblina e o ar que entrava pelas janelas era puro, úmido e refrescante.

Estar em Bom Retiro é um exercício de desaceleração. Lá não tem internet, nem TV a cabo. O tempo passa mais devagar e é ditado pelas refeições e missas na igreja. As conversas se estendem sem pressa e muitas vezes remetem a um tempo que já passou. As noites são ainda mais lentas, e se antes isso me angustiava, agora me entrego ao sono antes das dez e acordo revigorada no dia seguinte.

As duas avós do Dudu moram na mesma rua e têm um quintal cheio de frutas, legumes e verduras. Dessa vez colhemos cenoura, espinafre, limão, laranja e couve. Saímos pra passear pelas estradas de terra e, quando a chuva chegou, continuamos em frente - porque estava bonito demais pra voltar pra casa. Sempre me questiono como seria viver em meio a tanta natureza. Tomar café da manhã na soleira da porta olhando pras montanhas cobertas de araucárias. Ainda gostaria de tentar. :)

2.7.13

a minha partida










Há alguns meses, minha família resolveu ficar na Inglaterra mais tempo que o planejado - e eu sabia que era a minha hora de partir. Por mais incrível que estivesse sendo morar em outro país com pessoas que tanto amo, um pedaço do meu coração estava no Brasil. E era pra ele que eu queria voltar.

Não foi difícil decidir - difícil foi aceitar minha própria decisão. Tinha medo de sentir muitas saudades dos meus pais e das minhas irmãs, de perder momentos importantes, de ser uma mudança drástica demais. Me sentia culpada por não ficar até o fim - afinal, embarcamos juntos nessa. Mas eu precisava seguir meu caminho.

Depois de remarcada a passagem, os dias passaram voando. Viajei pra Escócia com a Alice, terminei meu curso, mudamos de cidade. Cada momento ficou ainda mais valioso, porque tinha data pra terminar. Listei tudo o que gostaria de fazer na Inglaterra antes de ir embora. Queria ter a certeza de que aproveitei ao máximo aquela experiência.

Chegou o dia em que não precisei do calendário pra saber quanto faltava até a partida. Meu coração doeu só de me imaginar no avião e ficou impossível conter as lágrimas. Elas vinham no banho, no carro, tomando café da manhã ou antes de dormir. Os outros membros da família também não conseguiam esconder a apreensão. Me abraçavam forte sem motivo aparente e nunca me deixavam sozinha. Às vezes eu queria que eles fossem um pouquinho mais chatos, só pra tornar menos dolorosa a despedida.

Dois dias antes da viagem, enquanto arrumava as malas, senti uma vontade súbita de estar com os meus pais. Fui até o quarto deles, deitei na cama entre os dois e chorei. "Quero muito ir, mas é tão difícil deixar vocês..." - disse. Naquela noite, coloquei pra fora todos meus medos e anseios e em troca recebi palavras de sabedoria e carinho. Dormi tranquila sabendo que estava indo, mas sempre teria pra onde voltar.

No aeroporto, abracei e beijei cada um diversas vezes - todos com os rostos molhados de lágrimas. Por alguns segundos, cogitei simplesmente ficar e não lidar com a dor de partir. Foi difícil lembrar dos motivos que me levavam pra longe da minha família. Repetia pra mim mesma que era o que eu queria e que não ia me arrepender. Eu precisava ser forte.

"Eu amo vocês!" - gritei do portão de embarque. Eles acenaram de volta. Sabia que também me amavam. E que iam continuar me amando de longe, de perto, de onde quer que fosse. Enxuguei as lágrimas, respirei fundo e passei pelo raio X. "Eles vão ficar bem. Eles têm uns aos outros." - pensei comigo mesma. "E eu vou ficar bem, pois tenho eles sempre no meu coração."

Lembrei que logo seria recebida no Brasil pelo Dudu - e uma onda de calor tomou conta de mim. Estava deixando quatro amores pra reencontrar outro amor. Um amor que estava ansioso por crescer e pro qual eu estava ansiosa por voltar. Esse era só o começo de uma nova fase da minha vida. E eu mal podia esperar pra vivê-la.