30.11.12

little sister























Mais uma manhã começou com cheiro de bolo no flat 5. Depois de alguns: "não sei", "vocês que sabem", e "tanto faz" - expressões muito queridas da nossa aniversariante -,  resolvemos decidir por ela o que faríamos naquele 25 de Novembro.  De gorros e galochas, partimos pro parque dos veados - que apreciavam o domingo nublado pastando vagarosamente. Caminhamos sem rumo até barrigas avisarem que era hora de almoçar.

-Que tal a gente ir num restaurante, Alice?
-Não. Quero a comida da mamãe! - respondeu prontamente.

É, essa daí sabe pelo que vale a pena lutar - como por exemplo, um delicioso yakisoba de salmão. :)

Happy birthday, my sweet little sister! <3

28.11.12

thanksgiving






Quando a Alice me convidou pro jantar de Thanksgiving oferecido pela universidade aos estudantes internacionais, topei mais pelo jantar que pelo Thanksgiving. Achei uma ótima oportunidade de provar a típica comida inglesa - além de fish and chips...

Purê de batata, gravy, batata doce assada, couve de bruxelas, bacon e, é claro, peru. Estava uma delícia, mas todos brasileiros presentes concordaram que: faltava sal! O delírio da noite foi a tortinha de maça com creme. Ainda tenho sonhos com ela.

Me senti um pouco mal por não saber o significado da comemoração. Mas, aparentemente, ninguém ali estava muito por dentro. Uma estudante americana explicou que o Thanksgiving é mais importante nos Estados Unidos, e que, basicamente, é um dia de agradecer às coisas boas da vida.

Sei que tenho muito ao que ser grata, mas, naquela noite, só conseguia pensar em uma:

- Obrigada por existir, tortinha de maça! :)

27.11.12

matt corby


A gripe que me pegou no sábado de manhã deu seus primeiros sinais minutos antes de irmos pro show. Nunca tinha ouvido falar em Matt Corby, mas a Alice conhecia todas as músicas e disse que era um estilo calminho. Logo me imaginei sentada numa poltrona, num pequeno teatro, balançando a cabeça ao som suave do violão. "Ah, posso fazer isso gripada. Sem problemas!".

O show começava às seis da tarde, mas chegamos às cinco pra pegar um lugar na fila - na calçada. Fazia menos de 5°C, e, com a garganta já arranhando, me abriguei no Subway ao lado até os portões abrirem. Uma hora depois e nada. Enjoada do cheiro de sanduíche, fui perguntar o que estava acontecendo. "Só falta limpar a pista de dança" - me responderam.

Hein!? Pista de dança?

Na minha cabeça, saíram as poltronas e o ambiente acolhedor e entraram as luzes frenéticas e as pessoas suadas se esbarrando e derrubando cerveja. "Ai, será que tô bem o suficiente pra isso?", pensei - quase amarelando.

Mas a realidade não foi nenhuma das duas. Realmente não havia onde sentar, mas tampouco haviam luzes e pessoas suadas. O show foi tão tranquilo que dormi durante as bandas de abertura. Não porque eram monótonas, mas a gripe tinha piorado e já não aguentava ficar muito tempo em pé. Era isso ou ir embora. E, como queria muito assistir ao Matt Corby, me agachei num cantinho e dormi profundamente - enquanto a Alice e minha mãe estavam grudadas no palco.

Assim que ele começou a tocar, soube que tinha valido a pena. Não entendo muito de música, mas a dele me deixou tão feliz e em paz que esqueci da gripe. Fiquei ali, admirada com o poder da arte em despertar sentimentos nas pessoas. Isso até a hora em que minha visão começou a embaçar e achei melhor sair pra dar uma volta. Minha mãe ficou tão preocupada com meu sumiço que até entrou no palco (por engano!) pra me procurar - causando um leve agito na plateia. Mães... :)

26.11.12

birmingham














  





Viajar duas horas de carro é fichinha pra um brasileiro, mas uma distância considerável nos padrões ingleses - levando em conta que a área da Inglaterra é menor que do Acre. Pra entrar no clima de se estar quase atravessando o país, vestimos roupas confortáveis e paramos na metade do caminho pra esticar as pernas, fazer xixi e tomar um café.

Chegamos em Birmingham meio-dia e almoçamos no hotel o lanche que trouxemos de casa. Comer fora aqui é caro e nem sempre bom. Sendo assim, quando possível, evitamos vagar pelas ruas atrás de um restaurante - principalmente de barriga vazia. Afinal, a fome é inimiga do bom humor.

Birmingham é a segunda maior cidade do Reino Unido, com mais de 1 milhão de habitantes. Não vi muita diferença de outras metrópoles: carros, avenidas, prédios e gente (muita gente!). À tarde passeamos pelo centro numa feira alemã de natal, como a de Bristol só que cinco vezes maior, e à noite fomos no show que a Alice tanto queria.

O tempo estava frio e chuvoso - o suficiente pra fortalecer a gripe que sondava a família. No sábado, a Nina acordou com o nariz entupido e eu com a garganta arranhando. Tentamos fingir que era só um resfriadinho, mas, no final da manhã, meus olhos pesavam e a Nina desfalecia pelos cantos. E foi assim que nossa viagem de dois dias virou de um dia só.

Voltamos pra Bristol na mesma tarde. No carro, dormi tão pesado que acordei com o pescoço todo dolorido e com a sensação de ter viajado o país inteiro. "Como é bom estar de volta!", exclamou minha mãe assim que chegamos em casa - apenas um dia depois de termos saído. É, acho que não teremos dificuldade em nos adaptarmos aos padrões ingleses. ;)

23.11.12

viagem de dois dias



Hoje partimos pra nossa primeira viagem de verdade na Inglaterra - com direito a dormir em hotel e tudo! Domingo é aniversário da Alice, e, pra comemorar, vamos assistir a um músico australiano que ela adora. O show vai ser em Birmingham, ao norte daqui.

Como nenhuma viagem com quatro mulheres é simples - nem aquela de só dois dias - temos malas espalhadas por todo corredor. Ontem à noite, passamos horas decidindo o que levar ("vai que chove?", "vai que tá frio?", "vai que chega uma onda de calor?"...), e hoje ainda não temos certeza. A cada minuto, alguém lembra de outra coisa com a qual não conseguiríamos viver sem.

Meu pai até tentou nos convencer da simplicidade da empreitada - argumentando que Birmingham é só duas horas daqui, que ficaremos pouquíssimos dias, que uma calça e três camisetas são suficientes... Mas ninguém deu muita atenção. E assim, hoje ele foi o último a acordar e o primeiro a anunciar o quão pronto está.

A julgar pelo desaparecimento das malas no corredor, acredito que, finalmente, chegou a hora de partir. A essas alturas, o que foi, foi, e o que não foi, tenho certeza que sobreviveremos dois dias sem. ;)

22.11.12

remembrance day









Novembro veio com florzinhas vermelhas de papel. De um dia pro outro, estavam à venda em todas as lojas da cidade, e pessoas passaram a usá-las como broches. "O que é isso?", perguntei - meio envergonhada por não saber de algo que parecia tão óbvio. "É pra lembrar dos mortos nas guerras".

Em 11 de Novembro de 1918, foi declarado o fim das hostilidades da Primeira Guerra Mundial. Na mesma data, no ano seguinte, Londres ficou em silêncio por dois minutos, em honra àqueles que morreram pelo seu país. Deu-se início a uma prática que é repetida há 93 anos em praticamente todas as ex-colônias britânicas - como Canadá, Austrália e África do Sul.

Na Inglaterra, a data é celebrada no segundo domingo de Novembro. Neste dia, estávamos a caminho de Stonehenge e, pelos vilarejos que passamos, vimos procissões de pessoas vestidas de preto com a florzinha vermelha - depois levadas ao monumento de guerra mais próximo.

A florzinha vermelha é uma papoula e tornou-se símbolo do Remembrance Day por causa de um dos mais famosos poemas de guerra: "In Flanders Fields". Flanders é a região norte da Bélgica, que foi devastada na Primeira Guerra Mundial. O poema, escrito por um médico canadense em combate, fala dos soldados enterrados naquele mar de lama - onde nada mais crescia a não ser papoulas.